quarta-feira, 3 de agosto de 2011

sivilcultura

Silvicultura     forestry
Influência dos tratamentos silviculturais na qualidade da madeira
De um modo geral, pode-se melhorar, modificar, controlar ou minimizar os fatores que afetam a qualidade da madeira por meio de tratos silviculturais. Os tratamentos silviculturais mais empregados na cultura de Eucalyptus, no Brasil, com o intuito de alterar a qualidade da madeira são o espaçamento, fertilização, controle de pragas e plantas invasoras, desbastes e podas.

As alterações nas condições de crescimento devido à aplicação de fertilizantes ou qualquer outro tratamento silvicultural são freqüentemente associadas a alterações na qualidade da madeira. A aplicação de fertilizantes em povoamentos florestais pode acarretar alterações na densidade da madeira e, consequentemente, nas propriedades físico-mecânicas. A adubação pode alterar a estrutura anatômica da madeira e a constituição química da parede celular. Não se encontraram respostas para a densidade da madeira de Eucalyptus grandis, aos seis anos de idade, em decorrência da aplicação de fertilizantes, mesmo quando foram considerados os materiais lenhosos formados em distintas fases de desenvolvimento das plantas.

Povoamentos de Eucalyptus grandis e Eucalyptus saligna, com espaçamentos de 3,0 x 1,5 e 3,0 x 2,0 m, no estado de São Paulo, já se encontravam em estado de estagnação a partir dos sete anos de idade. Um menor número de plantas por hectare pode levar à formação de ramos com maiores diâmetros, redução da desrama natural e do volume a ser obtido no primeiro desbaste, além de apresentar a primeira tora para serraria bastante cônica; por outro lado, um maior número de árvores por hectare pode levar à competição entre árvores antes da idade do primeiro desbaste recomendado( 4 anos), com diâmetro bastante reduzido das árvores. Se o objetivo do manejo é a obtenção de madeira para serraria e postes, não se recomendam espaçamentos menores que 3,0 x 2,5 m, sugerindo densidades entre 2.000 a 1.200 plantas por hectare.

Em experimento com clones híbridos de E. grandis x E. tereticornis, com nove anos de idade, plantados em espaçamentos variados, verificou-se que o espaçamento altera a proporção de madeira juvenil.. Estudando-se a influência do espaçamento na qualidade e na produção em peso da madeira de Eucalyptus grandis e E. urophylla, verificou-se que o espaçamento não afetou significativamente a densidade e o peso da madeira. A definição de um dado espaçamento tem um efeito muito forte tanto no crescimento como na formação da madeira, em função da intensa competição por nutrientes, água e luminosidade. A variação na densidade é fortemente afetada pelo grau de supressão, tendo um efeito inverso bastante pronunciado na uniformidade da madeira. As árvores que crescem em espaçamento bastante fechado apresentam um aumento na densidade muito rápido da madeira à medida que se afasta da medula e as árvores que crescem em espaçamento mais aberto apresentam um padrão de densidade mais uniforme, bem como apresentam uma maior proporção de madeira madura, atingindo valores de densidade maiores numa idade mais precoce.

Desbastes

A produção tradicional de madeira de eucalipto no Brasil tem-se utilizado do sistema de corte aos 6ou 8 anos, seguido da condução de rebrota, por mais uma ou duas rotações.. O principal mercado dessa madeira são as empresas que a transformam em celulose e papel, chapas e carvão vegetal para uso siderúrgico. Produzida em alta escala para atender à demanda acelerada desse parque industrial, quase não houve espaço para o desenvolvimento de florestas de eucalipto que visassem à produção de madeiras para serraria e laminação. Este uso difere bastante daquela produção para a indústria de transformação em móveis, pisos, peças estruturais, assoalhos, painéis etc. pelo fato básico de que a madeira é utilizada na sua forma integral, preservando as suas características de aparência e versatilidade.

Os desbastes são cortes parciais feitos em povoamentos imaturos, com o objetivo de estimular o crescimento das árvores remanescentes e aumentar a produção de madeira de melhor qualidade. Entende-se como melhor qualidade árvores de maiores dimensões, possibilitando a utilização em produtos sólidos, como serraria e laminação. As coníferas são mais frugais que as folhosas ou as espécies de rápido crescimento do gênero Eucalyptus. Com isso, a capacidade de suporte do sítio é maior para as coníferas em termos de área basal. O eucalipto é mais influenciado pelo micro-sítio, havendo uma grande interação com o material genético, principalmente oriundo de sementes. Os desbastes tendem a acentuar essa interação genótipo-ambiente, quando são realizados apenas com base no vigor das árvores. Há indícios de que se pode aumentar a capacidade de produção de madeira de uma área de florestas com Eucalyptus, através do desbaste. A reação da árvore é transferir a energia produzida para o crescimento, adaptando-a à nova situação ambiental. Com isso, o crescimento inicial logo após o desbaste é lento. Os desbastes, portanto, devem ser pouco intensos e mais freqüentes, levando-se em conta que a intensidade e a freqüência devem ser economicamente viáveis.

A nível mundial, as melhores experiências com o manejo de eucalipto para serraria aconteceram na África do Sul, acumulando uma experiência de mais de setenta anos no manejo das florestas. Resultados conclusivos com várias espécies evidenciam que uma maior produção volumétrica e madeira de melhor qualidade ocorrem na condução da rotação de média duração, entre 14 e 15 anos. Idades menores não exploram todo o potencial produtivo da floresta e a qualidade da madeira não é satisfatória, ao passo que além dos 30 anos, começam a surgir sérios problemas que prejudicam a madeira, como defeitos e tensões internas, além da perda de lucratividade pelo tempo demasiado de ocupação da terra.. Para Eucalyptus regnans, um desbaste de 1200 para 150 árvores por hectare, aos sete anos de idade, não ocasionou nenhuma vantagem no crescimento, pelo menos 2,5 anos após a intervenção. O motivo é que a redução de 88% afetou a performance das árvores. Um desbaste para 35o árvores/há, porém, promoveu significativo aumento no crescimento das árvores remanescentes.

Trabalhos realizados por vários pesquisadores, com Eucalyptus grandis, na África do Sul, demonstraram que os desbastes resultaram numa madeira com maior densidade e menor variação no sentido medula-casca, quando comparado com plantios sem desbastes. Num regime de desbastes para o Eucalyptus grandis, plantado num espaçamento de 3,0 x 2,0 m, no Rio Grande do Sul, previram-se desbastes aos 4, 8 e 15 anos, reduzindo-se a lotação para 950, 475 e 238 árvores por hectare, com um corte raso aos 21 anos. A produção prevista de madeira para o final do ciclo foi de 540 m3/ ha, sendo 275 m3 para serraria, 130 m3 para laminação e 135 m3 / ha para outros usos. Alguns pesquisadores verificaram que as florestas de eucaliptos na África do Sul com desbastes menos intensos reduziam a formação de madeira juvenil, mas também reduziam o crescimento das árvores; por outro lado, os desbastes mais cedo e mais pesados produziam madeiras com maiores tensões de crescimento. Desbastes mais cedo e mais pesados em Eucalyptus grandis irão estimular o crescimento em diâmetro; no entanto, a madeira produzida durante os 15 primeiros anos será de qualidade inferior, com elevada tensão de crescimento, independente do espaçamento em que as árvores estejam crescendo. Para aumentar a proporção de madeira de qualidade, o primeiro desbaste deve ser leve, preferencialmente quando a madeira tiver diâmetro mínimo para utilização. Recomenda-se o seguinte manejo para o Eucalyptus grandis: plantio inicial de 1330 árvores/há, baixando para 990 plantas/ha entre 6 e 7 anos; baixar em seguida para 74o plantas entre 9 e 10 anos; para 490 plantas entre 12 e 13 anos; para 250 plantas entre 15 e 16 anos; para 150 plantas entre 18 e 20 anos; para 100 plantas entre 20 e 22 anos e corte raso aos 30 anos.

Os desbastes podem prejudicar as árvores remanescentes em qualquer idade pela ação do vento ; porém, para desbastes de mesma intensidade, plantios mais jovens são menos afetados. Os desbastes em Eucalyptus devem ser drásticos, precoces e por baixo. O primeiro desbaste deve ser cedo e pesado para eliminar árvores dominadas e defeituosas. Os desbastes intermediários acima de 12 anos devem ser mais leves que o primeiro desbaste para impedir o aparecimento de ramos laterais, o que ocasionaria o aparecimento de grande quantidade de material de baixa qualidade. As bases para condução dos eucaliptos através de desbastes devem apresentar os seguintes aspectos: a) desbastes moderados e freqüentes são preferíveis aos fortes e espaçados, devendo a área por árvore aumentar mais rapidamente na fase juvenil, pois as respostas serão muito melhores do que no estado adulto; b) desbastes precoces ou exagerados são inconvenientes por prejudicarem a formação da copa, estimularem brotações laterais indesejáveis e sujeitarem as árvores delgadas à ação danosa dos ventos, sem permitir adaptação gradativa; c) espaçamentos iniciais mais amplos não substituem os desbastes sucessivos, pois a forma das árvores vai piorar, o volume total será menor e os defeitos da madeira serão mais acentuados e irremediáveis.

Atualmente, um dos métodos mais aplicados com sucesso em todo o mundo é o CCT( Tendências das Curvas de Crescimento Correlacionadas), que permite definir, com relativa precisão, a freqüência e a intensidade dos desbastes. Através de parcelas experimentais de acompanhamento, onde são feitas comparações de desbastes e cujos resultados são extrapolados para todo o povoamento. O princípio básico é evitar que o povoamento entre em competição, permitindo que as árvores cresçam livremente, em ritmo acelerado, resultando em madeira mais homogênea e mais estável, além de maiores volumes finais.

Algumas empresas florestais brasileiras voltadas para a produção de madeira para os tais usos tradicionais atualmente estão vislumbrando a possibilidade de se produzir madeira de maiores dimensões, objetivando a agregação de maior valor à matéria-prima. O método de “exploração com remanescentes” consiste em se selecionar as melhores árvores( 50 a 200) árvores por hectare e não derrubá-las por ocasião do primeiro corte, aos 7 anos; tais árvores são novamente poupadas no corte da rebrota, aos 14 anos, sendo estas árvores remanescentes retiradas somente após o terceiro corte da brotação, por volta dos 21 a 23 anos. A viabilidade desse método é comprovada pela obtenção simultânea de madeira para os usos tradicionais( rebrota) e a obtenção de 50 a 200 árvores de excelente qualidade para serraria e laminação. Alguns autores, no entanto, afirmam que os solos pobres e arenosos não respondem a este tipo de manejo, ficando restrito apenas aos solos de maior fertilidade; além disso, afirmam que a brotação anula os efeitos do desbaste, após o 2o ou 3o anos, entrando a floresta em grande competição novamente, após esse período; garantem eles que os benefícios esperados para as árvores remanescentes somente ocorreriam com a eliminação da rebrota.

Desrama

A desrama ou poda consiste na eliminação dos ramos laterais do tronco da árvore, com o objetivo de produção de madeira livre de nós. Embora muitas espécies de Eucalyptus apresentem desrama natural, a permanência dos ramos secos nas idade jovens ou a retirada dos mesmos ocasionam problemas de nós na madeira e a formação de bolsas de resina. Tanto a presença de nós como a bolsa de resina diminuem a resistência física das peças de madeira e prejudicam a aparência. A poda nas plantações industriais de eucalipto melhora a qualidade da madeira, livrando-a dos nós e diminuindo a conicidade do tronco. A desrama deve ser realizada logo após o fechamento da copa e a uma altura mínima de de 2 metros com as seguintes vantagens: a) permitir o acesso ao talhão para acesso ao talhão para inspeção e marcação do desbaste; b) reduzir o risco de incêndios, diminuindo a chance do fogo atingir a copa das árvores; c) facilitar o corta das árvores nas operações de desbaste e d) produzir madeira livre de nós na base da árvore, onde se concentra a tora de maior diâmetro. A poda pode ser feita em todo o talhão ou em algumas árvores seletivamente. Em geral, a poda é feita nos primeiros anos do plantio de eucalipto e, como ainda na fase jovem não há como selecionar os melhores fenótipos, recomenda-se a poda em todas as árvores.

A definição da freqüência e a intensidade da desrama deve seguir algumas premissas básicas: a) A desrama é uma operação de altos custos e deve estar acompanhada ou seguida de desbastes, pois são atividades complementares, quando se busca a qualidade da madeira; b) as desramas devem ser verdes e realizadas o mais cedo possível; c) no caso de plantações de eucalipto, a desrama segue o ritmo de crescimento do povoamento e, não necessariamente, a sua idade, que pode variar de 1,5 a 3 anos; d) a primeira desrama é feita até 2 ou 3 metros de altura, o que corresponde a cerca de 50% da copa; e) a intensidade da desrama pode envolver até 2/3 da copa, o que não compromete o crescimento das árvores e pode até estimular o crescimento; f) a desrama não deve ultrapassar os 6,5 metros de altura; g) as operações de desrama devem ser feitas na primavera, a fim de promover a rápida cicatrização das feridas.Após analisar os efeitos de poda e desbaste em Eucalyptus, alguns pesquisadores recomendam a poda somente nas melhores árvores, aos dois anos de idade, até a altura máxima de 4 a 5 metros. Acima desta altura, a desrama natural é efetiva e não ocasiona a formação de nós mortos. A primeira desrama para Eucalyptus grandis deve ser feita até a altura de 2,20m, quando a planta estiver com 2 anos de idade e nova desrama, apenas nas melhores árvores, até a altura de 6,0 m, quando a planta estiver com 4 anos, por ocasião do primeiro desbaste.

O Departamento Florestal da África do Sul toma como referência a altura média do povoamento e não a idade para se realizar a poda. Tais podas devem ocorrer até 3,0, 5,0 e 7,5m quando as árvores tiverem, no mínimo, 6,6 , 9,0 e 13,5m de altura , respectivamente. Alguns pesquisadores, estudando a distribuição da podridão causada por podas e tensão de crescimento, em Eucalyptus regnans na Nova Zelândia, verificaram que, quando as podas são freqüentes, os diâmetros dos galhos são menores, diminuindo o tempo de cicatrização; consequentemente, o tempo de exposição dos ferimentos à infecção é menor. A madeira livre de nós (clearwood) no mercado internacional é muito valiosa, chegando a valer até 2,25 vezes mais que a madeira com nós.

Este tipo de manejo propicia uma taxa interna de retorno de 10,58%, um custo médio de madeira em pé de US$ 6,81/ m3 e um custo de exploração de US$ 4,52/ m3. Comparando com o sistema tradicionalmente usado para a produção de madeira para processo em 3 cortes, tem-se 300m3/há aos 7 anos, 245m3/ha aos 14 anos e 161m3/ha aos 21 anos, apresentando uma taxa interna de retorno de 18,74%, um custo médio da madeira em pé de US $4,44/m3 e um custo de exploração de US$ 4,21/ m3. Do ponto de vista econômico, para que as taxas de retorno do manejo com desbastes sucessivos se igualem à taxa de retorno com corte raso é necessário que o preço da madeira de serraria seja acrescido de 230%, o que é facilmente obtido nas condições atuais de mercado. A execução de desbastes sucessivos em Eucalyptus grandis se mostra como opção mais adequada à produção de madeira para serraria do que o antigo sistema de corte seletivo, onde se mantinham as árvores remanescentes.

Silvicultura Clonal em Eucalyptus

INTRODUÇÃO

A propagação clonal pode ser definida como aquela em que a meta principal constitui-se em reproduzir indivíduos geneticamente idênticos, a partir de uma fonte de material vegetativo de uma planta selecionada. O processo biológico é conhecido como clonagem e a população de plantas resultantes da planta clonada é chamada de clone.

As principais características e vantagens do uso do clone na área florestal são: a) semelhança entre as plantas provenientes de uma mesma planta clonada, resultando em plantios com grande uniformidade em relação às características silviculturais e tecnológicas; b) possibilidade de obtenção de clones com boa adaptação às adversidades ambientais, permitindo contornar problemas de doenças e situações de ambientes inadequados ao plantio com material genético a partir da propagação sexuada (semente), e; c) incremento na produção das florestas clonais, viabilizando custos acessíveis e competitivos às empresas. Por essas razões, a utilização de clones vem sendo cada vez mais adotado nas empresas florestais, tornando-se estratégica no desenvolvimento da produção florestal no Brasil.

A “silvicultura clonal” compreende todo o processo de formação de uma floresta clonal, incluindo a seleção da árvore superior, a multiplicação vegetativa, a avaliação de árvores selecionadas em teste clonal, a produção de mudas e o estabelecimento da floresta clonal.

Nas regiões tropicais e subtropicais, o Eucalyptus tem-se constituido como um dos gêneros mais explorados e tem merecido atenção na silvicultura clonal, devido aos atuais avanços obtidos na pesquisa e, de certa forma, pela facilidade na propagação vegetativa, além da característica de serem plantas consideradas de rápido crescimento.

No Brasil, relatos apontam que as plantações clonais com Eucalyptus deslancharam-se a partir da década de 70, a partir do desenvolvimento da técnica de estaquia em escala operacional, motivada pelos seguintes pontos: a) uniformidade dos plantios, possibilitando maior controle sobre a qualidade dos produtos; b) aproveitamento de combinações genéticas raras, tais como híbridos de Eucalyptus grandis X E. urophylla); c) maximização do ganho em produtividade silvicultural e de qualidade tecnológica da madeira em uma única geração de seleção; d) possibilidade de contornar problemas de doenças, como “cancro” (Cryphonectia cubensis); e) possibilidades de duas, três e até quatro rotações economicamente viáveis; f) custo acessível e competitivo às empresas; g) experiências já comprovadas na silvicultura convencional, e; h) opções de técnicas de propagação vegetativa em grande desenvolvimento nas diversas áreas da ciência.

PRINCÍPIOS DA SILVICULTURA CLONAL

Para maior compreensão da silvicultura clonal, torna-se imprescindível o entendimento dos princípios específicos da biologia e dos conceitos de multiplicação das plantas. Para as plantas superiores, de forma geral, a propagação pode ocorrer através duas diferentes formas: a) A forma sexual caracteriza-se por ter a semente como elemento de propagação, acarretando variação genética entre as plantas descendentes. b) A forma assexuada, também denominada propagação vegetativa, não envolve recombinação genética, permitindo a reprodução fiel do genótipo de uma planta.

Os plantios via propagação vegetativa não apresentam variações genéticas nas plantas descendentes, constituindo-se em populações com maior uniformidade em relação àquelas oriundas de sementes. No entanto, vale salientar que a maior uniformidade observada nas populações clonais torna-a mais vulnerável às condições adversas do ambiente.

SELEÇÃO DO CLONE

O processo de seleção da árvore superior, que vai constituir o futuro clone, é de fundamental importância para se alcançar a meta desejada na silvicultura clonal. Em programas iniciais de clonagem de Eucalyptus, a seleção de árvores superiores tem sido realizada, principalmente, em plantios comerciais implantados com mudas produzidas a partir de sementes, devido a grande variabilidade genética. Nos programas mais avançados de silvicultura clonal, a seleção de árvores superiores em testes de progênies tem sido a forma mais indicada, visando superar a seleção de árvores baseada simplesmente nas características fenotípicas.

Em relação aos critérios e às características de seleção do clone, a sua definição deve ser avaliada, principalmente, em função dos objetivos da clonagem (Ex.: produção de madeira para celulose, carvão, serraria, etc.), da espécie florestal, disponibilidade de infra-estrutura, tempo e recursos financeiros.

Na silvicultura clonal de Eucalyptus, por exemplo, a seleção de clones visando atender a indústria de produção de celulose tem considerado, normalmente, na seleção da árvore superior as seguintes características: volume, resistência a doenças e pragas, retidão de tronco, desrama natural, características de copa, composição e característica da casca, aptidão a rebrota, aptidão ao enraizamento das estacas no processo de propagação vegetativa e a densidade da madeira. Na avaliação em testes clonais, incluem a confirmação das características avaliadas na seleção da árvore selecionada, rendimento em pasta para celulose, produção de tonelada de polpa/ha/ano, propriedades físicas e mecânicas da polpa.

RESGATE E MULTIPLICAÇÃO DA ÁRVORE SELECINADA

Dentre as técnicas de multiplicação vegetativa visando a propagação clonal de árvores selecionadas, principalmente em se tratando da planta na idade adulta, a enxertia e o enraizamento de estacas tem sido as mais utilizadas na silvicultura clonal.

No que tange as espécies do gênero Eucalyptus, as técnicas de resgate de árvores selecionadas já estão bem estabelecidas, onde, a decepa da árvore selecionada busca a emissão de brotações com maior grau de juvenilidade na base da cepa, as quais são posteriormente estaqueadas. Entretanto, este procedimento é restrito às espécies com potencial de rebrota das cepas, limitando sua aplicação a muitas espécies florestais, como por exemplo, na maioria das espécies do gênero Pinus em idade adulta, que apresentam grande dificuldade de rebrota.

Uma vez resgatada vegetativamente a árvore selecionada objetivando atender aos anseios da silvicultura clonal, recomenda-se que, em um programa de clonagem em escala comercial, seja imprescindível a instalação de testes clonais, para que se possam selecionar efetivamente os melhores clones. A simples seleção fenotípica das árvores superiores e a sua propagação vegetativa não garantem que o material selecionado propicie os ganhos esperados e a manutenção da superioridade até a fase de colheita.

Vale ressaltar que a etapa de avaliação é uma das mais demorada e, quanto maior o número de clones avaliados por unidade de tempo, maior é a possibilidade de sucesso com a seleção. No entanto, o número de clones deve ser compatível com os interesses, disponibilidade de material genético e a realidade da empresa.

PROPAGAÇÃO CLONAL

Entre os métodos de reprodução vegetativa de Eucalyptus desenvolvidos, em escala comercial, a estaquia mostra-se como uma técnica cujos princípios já são bem conhecidos, resultando numa ampla adoção desta técnica na clonagem desta espécie, a qual permitiu o desenvolvimento da silvicultura clonal de forma intensiva em diversas partes do mundo.

Dada a importância do gênero Eucalyptus no atual cenário da silvicultura clonal, nos últimos anos foram desenvolvidas metodologias de propagação vegetativa que aperfeiçoaram a técnica de estaquia, denominadas de “miniestaquia” e “microestaquia”, as quais proporcionaram a minimização de algumas dificuldades no processo de produção de mudas de certos clones e espécies, principalmente no que concerne ao enraizamento, formação das mudas e no desenvolvimento da futura árvore.

Estaquia em Eucalyptus

A propagação clonal em Eucalyptus por estaquia constitui-se no enraizamento de estacas caulinares (segmentos de 6-10cm de tamanho) confeccionadas a partir de brotações provenientes de cepas de árvore selecionada, banco clonal ou jardim clonal.

No estabelecimento de áreas de multiplicação vegetativa, o uso de jardim clonal tem sido a forma mais aplicada, permitindo um manejo intensivo e ajustado para obtenção de brotações, destinado ao êxito do enraizamento das estacas (Figura 1A). A frequência das coletas no jardim clonal varia, em média, de 15 a 45 dias, a qual é função da espécie, clone, ambiente e da metodologia de coleta (poda drástica ou seletiva).

Quanto ao processo de enraizamento, as estacas recebem em sua base tratamento com o regulador de crescimento AIB (ácido indolbutírico), dosagem em torno de 6.000 a 8.000mg/l. Em seguida, são estaqueadas em recipientes contendo o substrato para o desenvolvimento do sistema radicular (Figura 1B). Este material uma vez estaqueado, permanece na casa de vegetação por um período de 20 a 45 dias, o qual é variável com a região, a época do ano, espécie e clone envolvido. Após este período, as estacas enraizadas são transferidas para aclimatação em casa de sombra, onde permanecem por 8 a 15 dias, sendo então levadas para um local de pleno sol, onde completam seu desenvolvimento e recebem os tratamentos finais, antes de serem levadas para plantio no campo. Normalmente, as mudas produzidas por enraizamento de estacas estão aptas a serem plantadas quando atingem 90 a 120 dias de idade.

Devido às dificuldades de propagação vegetativa encontradas em algumas espécies, principalmente no que envolve material adulto e variação entre clones, o desenvolvimento do processo de estaquia, resultou nos atuais processo denominados de miniestaquia e microestaquia, conforme será mencionado a seguir.

Miniestaquia em Eucalyptus

A técnica de miniestaquia constitui-se na utilização de brotações de plantas propagadas pelo método de estaquia convencional como fontes de propágulos vegetativos. De forma generalizada, faz-se a poda do ápice da brotação da estaca enraizada, muda com aproximadamente 50-60 dias de idade, que em intervalos de 10 a 25 dias, variável em função da época do ano, do clone/espécie, das condições nutricionais, entre outras variáveis, emite novas brotações que são coletadas para enraizamento. Assim, a parte basal da brotação da estaca podada constitui-se em uma minicepa (Figura 2A) que fornecerá os propágulos vegetativos (miniestacas) (Figura 2B) para a formação das futuras mudas (Figura 2C). Resumidamente, o conjunto das minicepas em intervalos regulares de coletas, constitui-se num jardim miniclonal que fornecerá miniestacas para a produção de mudas.

No presente caso, as miniestacas possuem dimensões que variam de 3 a 6 centímetros de comprimento, contendo de um a três pares de folhas, variável em função do clone/espécie. Um a dois pares de folhas são recortadas ao meio visando evitar o excesso de transpiração, facilitar a chegada da água de irrigação ao substrato (evitar o efeito guarda-chuva) e evitar o recurvamento das miniestacas em razão do peso da água sobre a superfície das folhas.

O processo de enraizamento e formação das mudas de miniestacas segue os mesmos procedimentos da técnica de estaquia, ou seja, estas são colocadas para enraizamento em casa de vegetação (permanência de 15 - 30 dias), seguindo posteriormente para a casa de sombra (permanência de 10 dias) para aclimatação e finalmente para pleno sol, para formação final da muda. Os períodos de permanência das miniestacas em casa de vegetação, conforme descrito acima, dependem da época do ano, do clone/espécie envolvido e do estado nutricional das miniestacas.

Microestaquia em Eucalyptus

A microestaquia diferencia-se da miniestaquia basicamente pela origem do material que compõe o jardim microclonal, ou seja, na microestaquia a origem das microcepas são mudas micropropagadas e na miniestaquia a origem das minicepas são de mudas propagadas pela estaquia.

A opção pela miniestaquia precedendo a microestaquia pode ser considerada como uma boa estratégia, em função da miniestaquia não necessitar de estruturas de laboratórios de cultura de tecidos (micropropagação), reduzindo, portanto, o custo na produção das mudas. Isto é justificado em algumas situações onde a miniestaquia apresentada anteriormente, pode apresentar resultados eficientes tanto quanto aos da microestaquia. Porém, para clones que apresentam dificuldades de propagação pela miniestaquia, a microestaquia torna-se a alternativa de propagação vegetativa de clones selecionados.

PLANTAÇÕES MONOCLONAIS

Uma vez feita a opção pela clonagem como forma de implantação de uma floresta, a forma de distribuição e o número de clones constitui-se em importante fator a ser considerado no estabelecimento e gerenciamento de um programa de silvicultura clonal. Entre as várias modalidades de distribuição de clones no plantio comercial, a de maior aplicação no setor florestal é o plantio monoclonal.

O plantio monoclonal, como o próprio nome indica, são aqueles em que os clones são selecionados para sítios específicos e plantados individualmente em blocos, ou seja, cada parcela de uma determinada área de plantio é constituída por plantas de um mesmo clone. Em relação à distribuição dos blocos na área florestal, a estratégia de plantios monoclonais distribuídos na forma de mosaico tem sido a mais praticada em Eucalyptus, vistos os benefícios proporcionado.

A estrutura de mosaico em grandes áreas permite obter arranjos dos blocos monoclonais dentro de um talhão, com variações na classe de idade, métodos de regeneração e espécie/clone, além de proporcionar a maximização da produção de um determinado clone para locais específicos.

QUANTOS CLONES UTILIZAR EM UM PLANTIO CLONAL?

Ao iniciar um programa de silvicultura clonal, uma das definições é quanto ao número de clones que deverão compor o projeto. Assim, ao responder esta questão, algumas considerações devem ser colocadas e analisadas num contexto técnico, operacional e econômico, das quais temos: 1) as preocupações biológicas relacionadas a redução da base genética (diversidade genética); 2) a interação “clone X ambiente” deve ser bem analisada visando definir quais os clones mais estáveis e específicos. 3) o uso futuro da madeira e a seguridade de manutenção naquele mercado consumidor é outra situação que deve ser avaliada; 4) quanto a questão operacional; 5) experiência com os clones em termos de práticas de manejo florestal e de nutrição, bem como do conhecimento do processamento industrial e do uso final; 6) a área mínima e máxima plantada com um clone, ou seja, o tamanho do projeto (área plantada).

Enfim, o número seguro de clones a ser utilizado em um programa comercial recai sobre a relação “risco X ganho”, onde não existe uma resposta absoluta para todas as situações, sendo uma boa estimativa aquela elaborada a partir da experiência com os clones disponíveis, assim como em função do tamanho e variações ambientais da área do projeto de reflorestamento.

Segundo as recomendações usuais no setor florestal brasileiro, onde se adota o plantio monoclonal em mosaico, o número de clones de Eucalyptus varia desde dezenas até menos de 5. Os critérios são os mais variados na sua recomendação, não existindo, ainda, um consenso geral de uma metodologia que possa orientar tal recomendação.

Atualmente, existem algumas empresas florestais que comercializam e produzem mudas de clones já selecionados, possibilitando os agricultores utilizar material genético de qualidade superior, distribuindo assim as vantagens da silvicultura clonal.

LAUDO RUIDO AMBIENTAL

Este laudo foi realizado nos setores da   BRF Londrina Central de Distribuição, localizada na Av. Saul Elkind   cidade industrial s/n sa...