terça-feira, 9 de julho de 2013

residuos solidos energia

Dentre questões ambientais decisivas para um futuro sustentável, a discussão sobre o reaproveitamento de resíduos como fonte de energia ganha destaque quando se fala em economia verde.

O aumento da geração de resíduos sólidos urbanos (RSU) é resultante tanto do crescimento populacional como do modelo econômico. Estimada em seis bilhões de habitantes, 75% da população mundial se distribui pelos centros urbanos, elevando o consumo de produtos cada vez mais descartáveis. Logo, saber gerenciar e destinar corretamente os RSU é essencial na contemporaneidade.

No Brasil, o manejo inadequado de resíduos reflete a ausência de uma cultura efetiva de separação de resíduos na fonte e de responsabilidade dos geradores de resíduos, resultando em um grave problema ambiental. No país onde dados oficiais falam em um nível de descarte inadequado em lixões de 42% (Plano Nacional de Resíduos Sólidos, versão preliminar para consulta pública de setembro de 2011), a falta de gestão de resíduos indica que na realidade esse número pode ser bem maior.

Embora medidas como a ampliação da compostagem como o destino ambientalmente adequado para resíduos orgânicos e a exigência da coleta seletiva de recicláveis, além do fim dos lixões até 2014, foram determinados pela Política Nacional de Resíduos Sólidos PNRS (Lei nº 12.305/2010), o caminho ainda é árduo.

Em aterros sanitários, quando descartada, a matéria orgânica leva cerca de seis meses para se decompor em um processo que gera metano, um dos principais Gases Efeito Estufa (GEEs). Por outro lado, a combustão converte o metano (CH4) em gás carbônico ou dióxido de carbono (CO²). A queima minimiza o impacto ambiental, pois o dióxido de carbono é aproximadamente 21 vezes menos causador do efeito estufa que o gás metano.

Entretanto, a queima do gás metano em aterro não precisa parar por aí. É possível gerar energia a partir do gás. A Política Nacional de Resíduos Sólidos elencou como uma das alternativas para a destinação ambientalmente adequada dos resíduos, justamente, a recuperação energética.

O aproveitamento energético depende do volume de resíduos descartados para ter viabilidade técnica e econômica. Para incentivar a valorização energética, foi formado um Comitê de Valorização Energética, formado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) e pelo Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos Plastvida, que publicaram o Caderno Informativo sobre a Recuperação Energética dos Resíduos Sólidos Urbanos.

Estudos comprovam que essa alternativa permite reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEEs) dos aterros; aproveitar a energia dos resíduos que, convencionalmente, seria perdida; além de utilizar menos áreas do aterro para implantação, que pode ser próximo à cidade, reduzindo os custos de coleta e transporte. Processos industriais, como a incineração e a gaseificação, possibilitam aproveitar o alto poder calorífico dos resíduos sólidos, energia denominada biogás. A partir daí, gera-se vapor, energia térmica, elétrica e combustível para abastecer gasodutos.

Conforme o Ministério do Meio Ambiente (MMA), com geração diária de 182.728 toneladas de lixo e considerando o biogás acumulado nos 56 maiores aterros do país, o Brasil seria capaz de fornecer eletricidade a 5,6 milhões de pessoas! A expectativa é que, em 2020, essa produção abasteça quase 8,8 milhões de pessoas, o que equivale ao estado de Pernambuco.

Embora existam 22 projetos no Brasil, apenas dois a aplicam de fato. O Bandeirantes, aterro que em 2004 abrigou a primeira usina de biogás do Brasil, e o São João, ambos em São Paulo. Juntos, respondem por mais de 2% de toda a eletricidade consumida na cidade. A tecnologia cara e o custo elevado do megawatt-hora em relação à energia convencional são alguns dos empecilhos responsáveis pela tímida participação do sistema.

É importante lembrar que não se trata de queimar todo e qualquer tipo de resíduos - e sim melhorar a gestão de resíduos com a mitigação dos impactos ambientais pela destinação de resíduos, aproveitando um pouco de cada tipo de tecnologia disponível para destinação ambientalmente adequada. Para se viabilizar ambientalmente, por exemplo, a queima de resíduos em incineradores com aproveitamento energético, é obrigatória a instalação e manutenção de equipamentos de monitoramento ambiental contínuo e alarmes de interrupção (no caso de ultrapassagens de emissão). Se não houver investimentos adequados e fiscalização eficiente, no caso de incineradores, não é possível garantir a segurança da comunidade do entorno e do meio ambiente.

Especialistas concordam que a melhor forma de explorar a recuperação energética, considerada uma tendência da atualidade, é aliá-la às políticas públicas de investimentos, de modo a conferir competitividade a esse tipo de energia. E então, por que não investir também no aproveitamento energético de resíduos?

LAUDO RUIDO AMBIENTAL

Este laudo foi realizado nos setores da   BRF Londrina Central de Distribuição, localizada na Av. Saul Elkind   cidade industrial s/n sa...