nte e um anos e seis prefeitos após a compra de uma usina de compostagem e reciclagem pela Prefeitura de Londrina, no
norte do Paraná, a estrutura nunca foi instalada e continua guardada no depósito da fabricante, em Cornélio Procópio, na
mesma região do estado. Veja no fim da reportagem uma linha do tempo sobre a ação de cada gestão em relação
à usina.
norte do Paraná, a estrutura nunca foi instalada e continua guardada no depósito da fabricante, em Cornélio Procópio, na
mesma região do estado. Veja no fim da reportagem uma linha do tempo sobre a ação de cada gestão em relação
à usina.
O investimento foi feito em 1996, no último semestre da gestão do então prefeito Luiz Eduardo Cheida, e custou R$ 1,2
milhão, o equivalente a R$ 5,8 milhões em valores atualizados.
milhão, o equivalente a R$ 5,8 milhões em valores atualizados.
Com o dinheiro do investimento, seria possível construir, atualmente, quatro postos de saúde, ou três escolas com
capacidade para atender 150 alunos cada, ou 66 casas do projeto federal “Minha Casa, Minha Vida”.
capacidade para atender 150 alunos cada, ou 66 casas do projeto federal “Minha Casa, Minha Vida”.
Na época da compra, Londrina tinha pouco mais de 400 mil habitantes e produzia 250 toneladas de lixo por dia. A usina
tinha capacidade para atender toda essa demanda.
tinha capacidade para atender toda essa demanda.
Com a estrutura, os resíduos seriam separados em esteiras e, com a compostagem, o objetivo final era reduzir o lixo
enterrado na cidade.
enterrado na cidade.
Cheida afirmou que nos três primeiros anos do seu governo criou a Secretaria de Meio Ambiente, resolveu o problema do
lixão a céu aberto e iniciou a coleta seletiva de lixo.
lixão a céu aberto e iniciou a coleta seletiva de lixo.
“Em tudo isso gastou-se cerca de três anos, os três primeiros anos de mandato. Então é por isso que só no último ano de
governo é que nós tivemos a oportunidade de adquirir uma usina de compostagem”, declarou.
governo é que nós tivemos a oportunidade de adquirir uma usina de compostagem”, declarou.
A gestão dele pagou duas das três parcelas do equipamento, ambas na mesma data, em 30 de novembro de 1996,
quando faltavam 30 dias para o fim do mandato. Mas a usina não foi instalada.
quando faltavam 30 dias para o fim do mandato. Mas a usina não foi instalada.
“Nós tivemos dificuldade de caixa. A usina foi licitada e paga, praticamente toda ela, mas não instalada. E eu anunciei para
a cidade, inclusive: ‘olha, o próximo prefeito terá apenas que trazê-la e instalar a usina’, o que infelizmente não foi feito”,
explicou.
a cidade, inclusive: ‘olha, o próximo prefeito terá apenas que trazê-la e instalar a usina’, o que infelizmente não foi feito”,
explicou.
Na sede da empresa que vendeu a usina para a prefeitura o histórico do negócio está guardado em uma pasta. Nela
estão documentadas duas décadas de tentativas de entregar o produto, começando pelo edital de licitação, em junho
de 1996, e a primeira tentativa de entrega, em novembro, quando a prefeitura foi informada de que o equipamento
estava pronto, esperando para ser instalado em Londrina.
estão documentadas duas décadas de tentativas de entregar o produto, começando pelo edital de licitação, em junho
de 1996, e a primeira tentativa de entrega, em novembro, quando a prefeitura foi informada de que o equipamento
estava pronto, esperando para ser instalado em Londrina.
Segundo Elcio Faria Pimenta, diretor da Iguaçumec, empresa fabricante da usina, a prefeitura não executou as obras
necessárias para a instalação da estrutura.
necessárias para a instalação da estrutura.
“Os equipamentos ficaram armazenados e, com o passar do tempo, não foram feitas novamente as obras civis, e
a Iguaçumec está armazenado desde aquela época”, disse.
a Iguaçumec está armazenado desde aquela época”, disse.
A terceira parcela foi paga com mais de um ano e meio de atraso, em julho de 1998, na gestão do ex-prefeito Antonio
Belinati. Mesmo assim, a usina quitada permaneceu em Cornélio Procópio.
Belinati. Mesmo assim, a usina quitada permaneceu em Cornélio Procópio.
Durante a gestão Belinati, um ano antes da quitação do equipamento, era comum o trabalho de garimpeiros no aterro
sanitário do limoeiro.
sanitário do limoeiro.
A fabricante tentou entregar o equipamento novamente, sem sucesso, em julho de 1999. Nesse mesmo ano, os
garimpeiros do lixo continuavam buscando materiais recicláveis no meio do lixo doméstico. As condições eram
sub-humanas, mas muita gente tirava o seu sustento dali.
garimpeiros do lixo continuavam buscando materiais recicláveis no meio do lixo doméstico. As condições eram
sub-humanas, mas muita gente tirava o seu sustento dali.
Em junho de 2001, a empresa informou para a nova gestão, agora do prefeito Nedson Micheleti, que a usina estava
quitada. E pediu que ela fosse trazida para Londrina.
quitada. E pediu que ela fosse trazida para Londrina.
Um mês depois desse comunicado, uma série de reportagens da RPC Londrina mostrou que o garimpo do lixo tinha
acabado.
acabado.
Os antigos garimpeiros saíram do aterro e passaram a receber o material da coleta seletiva. Mas a presença da usina
ainda era cobrada, como uma forma de reduzir a quantidade de lixo enterrada.
ainda era cobrada, como uma forma de reduzir a quantidade de lixo enterrada.
Em 2010, já na gestão de Barbosa Neto, uma pequena parte da usina foi trazida para Londrina. Ela foi instalada na
Central de Tratamento de Resíduos (CTR), que substituiu o antigo aterro. Essa parte funciona até hoje fazendo a compostagem de parte do lixo doméstico coletado na cidade.
Central de Tratamento de Resíduos (CTR), que substituiu o antigo aterro. Essa parte funciona até hoje fazendo a compostagem de parte do lixo doméstico coletado na cidade.
Na gestão de Alexandre Kireeff, em 2014, a administração municipal consultou a fabricante sobre os custos para instalar
três linhas em lugares diferentes. A Iguaçumec respondeu que essas adaptações custariam R$ 417 mil. No entanto,
as alterações propostas não saíram do papel.
três linhas em lugares diferentes. A Iguaçumec respondeu que essas adaptações custariam R$ 417 mil. No entanto,
as alterações propostas não saíram do papel.
Em março de 2017, a empresa voltou a afirmar o seu interesse em entregar o equipamento, dessa vez, para o atual
prefeito Marcelo Belinati.
prefeito Marcelo Belinati.
Para a fabricante, mesmo com a usina vendida e paga ela teria mais valor em uso do que no barracão.
“Cada unidade que a gente implanta e está em operação a contento, é um cartão de visitas para a nossa empresa.
E também é um benefício para o meio ambiente”, declarou o diretor da empresa, Elcio Faria Pimenta.
E também é um benefício para o meio ambiente”, declarou o diretor da empresa, Elcio Faria Pimenta.
Durante a produção desta reportagem pela RPC Londrina e pelo G1, a gestão do prefeito Marcelo Belinati informou
que vai trazer o equipamento para a cidade. O secretário de governo Marcelo Canhada estabeleceu o fim de 2017 como como prazo.
que vai trazer o equipamento para a cidade. O secretário de governo Marcelo Canhada estabeleceu o fim de 2017 como como prazo.
Inicialmente, o equipamento será levado para o depósito da prefeitura e, depois, será fatiado e terá destinações diferentes do projeto original.
Em 1996, ano em que a usina de compostagem foi comprada, Sandra Barroso da Silva, que atualmente é presidente
da Central de Cooperativas de Reciclagem de Londrina, era uma das pessoas que garimpavam o lixo no aterro sanitário, em busca de materiais recicláveis.
da Central de Cooperativas de Reciclagem de Londrina, era uma das pessoas que garimpavam o lixo no aterro sanitário, em busca de materiais recicláveis.
Ela acredita que se os equipamentos parados já estivessem em funcionando à época, muita coisa seria diferente.
“No momento que a gente precisou sair lá do lixão, se a gente saísse com os equipamentos [da usina de compostagem
e reciclagem], a gente começava verdadeiramente a história de uma mudança de vida”, pontuou.
e reciclagem], a gente começava verdadeiramente a história de uma mudança de vida”, pontuou.
O que dizem os citados
Antonio Belinati afirmou que a opinião geral na sua gestão, de 1997 a 2000, era de que a tecnologia da usina era
superada e de que a sua instalação provocaria um prejuízo para o município.
superada e de que a sua instalação provocaria um prejuízo para o município.
Nedson Micheleti, prefeito de 2001 a 2008, não foi localizado pela RPC Londrina pelo G1.
Barbosa Neto, que foi prefeito de 2009 a 2012, disse que quebrou o monopólio da operação do aterro por uma
empresa privada, ao instalar a Central de Tratamento de Resíduos (CTR) e que conseguiu colocar em funcionamento uma parte da usina, que foi uma ação concreta e um pontapé inicial para acabar com um problema que é uma vergonha para
o município.
empresa privada, ao instalar a Central de Tratamento de Resíduos (CTR) e que conseguiu colocar em funcionamento uma parte da usina, que foi uma ação concreta e um pontapé inicial para acabar com um problema que é uma vergonha para
o município.
Alexandre Kireef, prefeito de 2013 a 2016, disse que na gestão dele foi feito um apontamento da Procuradoria-Gera
l do município de que, para receber o equipamento, deveria haver uma reparação econômica por parte da empresa,
pois a usina teria sido paga e não foi entregue.
l do município de que, para receber o equipamento, deveria haver uma reparação econômica por parte da empresa,
pois a usina teria sido paga e não foi entregue.
O empresário Élcio Faria Pimenta, diretor da Iguaçumec, disse que nunca foi notificado pela Procuradoria-Geral do
município e reiteira que foi várias vezes a Londrina para tentar entregar o equipamento.
município e reiteira que foi várias vezes a Londrina para tentar entregar o equipamento.
o equipamento foi comprado em 1996 e nunca saiu da fabrica e já foi paga