sexta-feira, 29 de julho de 2011

cidade sustentavel

A maior parte do uso da energia e das emissões de carbono mundialmente provém de cidades. Melhorando a eficiência, o transporte e o planejamento urbano, as maiores metrópoles do mundo poderiam deixar de ser poluidoras e passar a ser uma parte vital da solução para a mudança de clima, além de se tornarem lugares melhores para se viver.

Quando Londres instituiu o pedágio urbano em 2003, os motoristas e o comércio local temiam pelo pior: os mesmos congestionamentos de sempre, porém com custos maiores e menos clientes. Após seis meses, o trânsito na área central de Londres diminuiu 30% e o impacto sobre o comércio foi mínimo.

Dois anos mais tarde, aproveitando essa medida bem-sucedida, o prefeito londrino Ken Livingstone convidou prefeitos e representantes das 40 maiores cidades do mundo para discutir outras medidas que se poderiam adotar para reduzir emissões de carbono e poluição. Assim nasceu, em boa hora, a Cúpula C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), 2008 foi o primeiro ano em que mais da metade da população mundial – o que dava aproximadamente 3,3 bilhões de pessoas – passou a viver em cidades. Com o crescimento das grandes metrópoles na África e na Ásia, o número de cidadãos urbanos poderá chegar aos 5 bilhões em 2030. E se as cidades crescem, o mesmo ocorre com o seu impacto sobre o meio ambiente global.

"As cidades são responsáveis pela ampla maioria no uso da energia do mundo e pelas emissões de gases de efeito estufa (GEE)," declara Janet Sawin, diretora do programa para energia e clima na ONG norte-americana Worldwatch Institute. Por exemplo, as cidades indianas, onde vive um terço do 1,1 bilhão de habitantes do país, consome 87% da eletricidade da Índia, a qual é quase toda gerada em usinas elétricas a carvão, que produzem quantidades maciças de gás carbônico.

Reconhecendo o problema, a Worldwatch dedicou uma edição do seu relatório anual State of the World aos problemas causados pela expansão das metrópoles. No entanto, o quadro não é inteiramente sombrio. As cidades são os piores poluidores, mas elas também podem diminuir de modo eficaz as emissões de GEEs que causam o aquecimento global.

Restringindo o uso de energia
As cidades sempre precisarão de muita energia para iluminação, aquecimento, importação de alimentos e transporte – elas só precisam é descobrir modos mais eficientes de fazê-lo. Cinco bancos internacionais destinaram 5 milhões de dólares em empréstimos para a iniciativa de 'construção ecológica' do ex-presidente Bill Clinton, que está investindo o dinheiro em projetos de eficiência energética em 15 países das maiores cidades do mundo, incluindo São Paulo, Londres, Mumbai, Tóquio e Berlim.

O prefeito Bloomberg, de Nova York, quer superar Londres e fazer da cidade dele a primeira "cidade ambientalmente sustentável do século 21". Bloomberg pretende reduzir em 30% as emissões de carbono da Big Apple até 2030, por meio de medidas como melhores técnicas de construção e operação de prédios, transporte mais eficiente, produção de eletricidade mais limpa e cobrança de pedágio urbano.

Porém, Bloomberg poderá descobrir que o topo da lista das cidades sustentáveis está lotado de concorrentes. Até o momento, mais de mil colegas dele já assinaram o acordo de proteção ao clima dos prefeitos dos Estados Unidos (US Mayors' Climate Protection Agreement). Esse documento obriga as cidades signatárias a atender ou superar as exigências de Kyoto: reduzir 7% das emissões de GEE até 2012, com base nos níveis de 1990. As cidades participantes incluem Portland, San Francisco, Seattle e Chicago, sendo que todas estipularam, por si mesmas, metas ambiciosas para a redução de emissões.

"Nos Estados Unidos estamos vendo uma concorrência entre cidades para ver quem consegue reduzir mais as emissões, em parte porque não houve uma liderança no nível federal," diz Janet Sawin, da Worldwatch. "Também existem cidades no mundo todo que estão fazendo mudanças não só pelos impactos ambientais e pela redução potencial de GEEs: elas estão vendo que isso possibilita criar mais empregos e oferecer melhor qualidade de vida."

Evitando os erros do passado
A Cidade do México e Bogotá realizaram grandes melhorias no transporte local, como substituir táxis antigos e introduzir sistemas eficazes de transporte coletivo. O tráfego agora flui melhor e a duração média das viagens recuou, assim como o nível geral de poluição e as emissões dessas cidades.

Outra estratégia é o planejamento urbano, que reverte a expansão urbana e melhora o transporte público a fim de evitar a poluição gerada por veículos e meios de transporte. Isso poderá ajudar a reduzir a dependência em relação aos carros, principalmente nas cidades norte-americanas.

Incorporar energia limpa e renovável é outro conceito. Na China, cerca de 90% de todas as residências em Rizhao, cidade costeira de quase 3 milhões de habitantes, usam aquecedores de água solares, e o governo local instalou painéis solares para alimentar a iluminação de rua e os semáforos. Já na Suécia, o distrito de Hammarby Sjöstad na capital, Estocolmo, utiliza o lixo residencial para produzir biogás, que é usado para aquecer moradias e alimentar os trens urbanos.

Apesar de tantos exemplos animadores, as cidades só irão fazer alguma diferença se forem apoiadas e seguidas pelos governos nacionais. A cúpula C40 em Nova Iorque, em 2009, foi encerrada com um apelo dos prefeitos aos líderes do G8 para que se definisse "uma meta no longo prazo para a estabilização das concentrações atmosféricas dos gases de efeito estufa.”

C40 em São Paulo, Brasil
A edição de 2011 da cúpula C40 foi realizada de 31 de maio a 3 de junho em São Paulo com a participação de 16 prefeitos e representantes de outras 31 cidades. A cidade possui diversos projetos para transformar a metrópole em um ambiente mais verde, como a construção de novos parques, o plantio e cultivo de árvores distribuídas pelo município e a implementação de programas de educação ambiental.

Como resultado do encontro, os prefeitos assinaram uma carta a ser entregue na conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável, Rio+20, pedindo que os esforços das cidades para uma economia de baixo carbono e desenvolvimento sustentável recebam mais apoio dos governos.

O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, anunciou a criação de linhas de financiamento para projetos ambientais com o intuito de facilitar o investimento das cidades em ações sustentáveis.

Somente com o envolvimento de todos será possível transformar as discussões em ações efetivas de combate às mudanças climáticas.

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